SIMPLESMENTE PANAMÁ

O Panamá, tem uma população de pouco mais de 4 milhões de habitantes.

Desde 2021, o Panamá consolidou a sua posição como um dos primeiros países negativos em carbono. Isto significa que as suas florestas capturam mais carbono do que o país emite, contribuindo assim para o combate à crise climática.

Além disso, o Panamá se destaca como um centro logístico e financeiro crucial na região.

O progresso tem sido impulsionado pelo comércio e pelos serviços, onde o Canal desempenha um papel fundamental.

Apesar destes avanços, o Panamá continua a ser um dos países mais desiguais do mundo, com uma pobreza significativa entre os povos indígenas e afro-panamenses e um baixo acesso e qualidade de serviços públicos vitais.

O que foi dito acima mostra a necessidade de uma redistribuição de recursos mais equitativa.

Nos últimos trinta anos, o crescimento económico gerou emprego e reduziu significativamente a pobreza, diminuindo de 48,2% em 1991 para 12,9% em 2023, para 6,85 dólares por dia per capita, conforme medido pela Paridade do Poder de Compra (PPC 2017). nas zonas rurais continua a aumentar, passando de 29,3% em 2022 para 32,3% em 2023.

Atualmente, o Programa Panamá Solidário tem sido um elemento crucial na luta contra a pobreza no país, contribuindo para reduzir o número de pessoas que vivem na pobreza.

Em 2023, estima-se que o Panamá tenha registado um crescimento de 6,5%, impulsionado por vários setores como a construção, o comércio, os transportes, o turismo, a Zona Franca de Colón e as atividades financeiras durante os três primeiros trimestres do ano.

Durante o quarto trimestre do mesmo ano, o Panamá conseguiu sair com sucesso da lista do Grupo de Ação Financeira (GAFI) de países de alto risco e não cooperantes na luta contra o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, após implementar acções que reforçaram o seu regime contra branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo, medidas que trarão benefícios económicos positivos ao país no médio e longo prazo.

No entanto, durante o mesmo período do ano, o país enfrentou desafios significativos, como a diminuição do tráfego de navios que atravessam o Canal devido a uma seca prolongada causada pelo El Niño e aos protestos sociais entre Outubro e Novembro contra uma operação de mineração aberta.

Estes protestos levaram o Supremo Tribunal a declarar inconstitucional o contrato com a Cobre Panamá, o que resultou na subsequente cessação das operações da mineradora.

Devido à descontinuação da operação das minas de cobre, espera-se que o crescimento desacelere para 2,5% em 2024.

No entanto, prevê-se que o dinamismo do sector dos serviços contribua gradualmente para o crescimento no médio prazo.

A partir de 2025, prevê-se um crescimento acelerado, desde que o país mantenha a sua atratividade como destino de investimento estrangeiro, o que deverá iniciar uma diminuição moderada da pobreza à medida que a economia e o mercado de trabalho recuperam o seu dinamismo pré-pandemia.

Embora a Fitch tenha rebaixado sua classificação de risco soberano para BB+ de BBB- em 28 de março de 2024 e haja pressão descendente nos ratings de outras agências, o país ainda mantém bom acesso ao mercado de capitais, embora com diferencial maior, graças à sua economia dolarizada e um ambiente macroeconómico estável.

A partir de 1 de julho, José Raúl Mulino que venceu as eleições no Panamá com promessas de fechar a selva de Darién e recuperar a prosperidade económicaa, terá de enfrentar os principais desafios fiscais estruturais para continuar a sua trajetória de crescimento e manter uma perspetiva fiscal sólida.

Estes desafios incluem a reforma urgente do sistema de fundos de pensões do Fundo de Segurança Social e a resposta aos choques climáticos, incluindo a crescente frequência e intensidade do El Niño, que representa riscos significativos através de furacões e dos seus efeitos, também, nos níveis de água do Canal.

Mulino, advogado de 64 anos especializado em direito marítimo pela Universidade Tulane, em Nova Orleans, conseguiu avançar rapidamente nas pesquisas – segundo analistas – graças a uma estratégia específica: prometer aos eleitores que o Panamá recuperará a prosperidade econômica e os altos níveis de geração de empregos que caracterizou o governo Martinelli (2009 – 2014).

Durante os primeiros dois anos desse governo, o Panamá teve a economia de crescimento mais rápido da América Latina, em parte graças à construção de grandes obras como a expansão do Canal do Panamá e a primeira linha de metrô na capital do país.

Durante o mandato de Martinelli, Mulino foi Ministro do Governo e da Justiça.

Em seguida, assumiu o cargo de Ministro da Segurança Pública, pasta recém-criada que reunia todas as forças de segurança.

Anteriormente, no início da década de 1990, Mulino havia sido vice-ministro das Relações Exteriores e depois chanceler no governo do presidente Guillermo Endara.

Mulino proclamou que durante seu mandato como Ministro da Segurança Pública expulsou a extinta guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) da selva de Darién, afirmação contestada por alguns especialistas que afirmam que foi nessa época que o a migração irregular começou por aquela selva densa, localizada na fronteira com a Colômbia.

Durante a campanha, Mulino prometeu fechar aquela selva do lado do Panamá, que nos últimos anos se tornou um enorme corredor migratório onde operam numerosas máfias e organizações criminosas.

“Vamos fechar Darién e vamos repatriar todas estas pessoas em conformidade, respeitando os direitos humanos”, disse Mulino recentemente, sem esclarecer como irá fechar aquela rota por onde viajaram mais de meio milhão de migrantes em 2023.

Os desafios são imensos, manter a vitalidade da economia talvez seja o maior, gerar renda de qualidade e superior aos seus pares da América Latina é o eterno desafio à ser batido.

E provavelmente o exemplo a ser seguido em toda a América Latina.

De GIUSEPPE DI BLASI.

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